quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Astroboy


Osamu Tezuka (2010). Astroboy Volume 1. Lisboa: ASA.

Por detrás do aparente simplismo deste mangá clássico podemos encontrar tendências curiosas. Há um forte transhumanismo proto-cyberpunk nestas histórias onde o herói é um robot que, construído como réplica mecânica do filho de um cientista, amargurado pela sua morte acidental, é por este abandonado porque a sua perfeição cibernética não simula por completo a criança humana em que se baseia. Recolhido por outro cientista, Astroboy tornar-se-á um herói, num futuro onde a humanidade coexiste com robots, entre o mecanismo e o humanóide, onde robots vão à escola com crianças humanas, e são, de facto, cidadão, nalguns casos muito de segunda. Temas que hoje discutimos e sobre os quais especulamos, sustentam um mangá juvenil dos anos 60.

Neste primeiro volume editado pela Asa, ficamos a conhecer a origem do personagem em O Nascimento de Astroboy lidamos com robots criados a partir de cães, numa conspiração para defender a lua de exploradores em O Regimento Hotdog, e assistimos a uma curiosa invasão da Terra por robots alienígenas vindos de um planeta extinto que, fiéis à sua programação, querem roubar metade da água do nosso planeta, em O Rapaz Planta.

A simplicidade das histórias é sublinhada pelo traço, também simples e fugindo do realismo em direção ao cartoon. Apesar disso, Tezuka surpreende com uma sólida estética futurista, retro aos nossos olhos, que dá vida e elegância à tecnologia.


Osamu Tezuka (2010). Astroboy Volume 2. Lisboa: ASA. 

Subjacente às aventuras de Astroboy está uma corrente de luta por direitos sociais. Na série, há sempre presente uma tensão entre a sociedade humana que criou e explora os robots, e a noção do robot como ser individual, com direitos, longe da ideia de mecanismo criado para servir.

Em Sua Alteza Deadcross, Astroboy combate um perigoso vilão que quer destituir o líder eleito de um país, o primeiro robot eleito para cargos políticos. No O Terceiro Mágico, um robot exímio nas artes da ilusão é raptado e clonado para executar assaltos impossíveis, o que leva o governo a querer eliminar os direitos dos robots. Planeta Branco, onde um jovem corredor descobre o segredo do carro robótico com que tem ganho corridas, encerra este segundo volume do clássico de Osamu Tezuka.